Fizemos as coisas de sempre, quando o dia era de descanso, lavamos as roupas, fomos à lan house mandar notícias aos nossos progenitores e assistimos ao clássico sansão na Band! Felipão ficou deveras feliz ao saber que veria seu time do coração duelar contra o time dos craques Paulo Henrique Ganso e Neymar...
No dia seguinte nos preparamos para o nosso último dia de pedal! Felipe ainda seguiria por muitos quilômetros sozinho, ou melhor, acompanhado pelas aventuras da estrada e pelas pessoas incríveis que se conhece quando se abre o coração. Eu, infelizmente, via minha jornada se aproximando de seu fim, afinal havia restrições financeiras, acadêmicas e físicas que me impediam seguir no pedal dos sonhos.
Jantamos 1 Kg de camarão por 10 reais se não me engano, só me lembro que achamos muito justo o preço! Em seguida passeamos pela cidade por um bocado, antes de nos entregarmos a uma belíssima noite de sono.
Na manhã seguinte pedalamos de Camocim a Chaval, foram 57 km em 4 horas e meia. Pensamos que o pedal seria mais rápido e simples, mas com o vento contra e o sol de rachar mantivemos apenas 12 km/h de média esse dia. Ademais, as coisas do Felipe caíam da Silver Hammer constantemente. Meu pé também doeu muito esse dia em função da ferida que já vinha aumentando há alguns dias. O domingo que passamos em Chaval não cicatrizou a ferida, com efeito talvez tenha até piorado. Uma senhora me deu um remédio na praça na noite anterior, dizendo que era sei lá o que, mas que tava no vidro de não sei o que lá, e que eu podia confiar que ela era enfermeira. Enfermeira eu acredito que ela era, mas se o remédio melhorou ou piorou meu pé nunca saberei, só sei que durante esse último dia de pedal eu tinha uma bela cratera em meu pé, cultivada ao longo de toda a viagem, e que agora se enchia desse remédio não-identificado para formar uma piscina, com a qual eu bastante me diverti...
Chegando em camocim vimos a deslumbrante vista de tatajuba, foi a paisagem mais linda de toda a viagem, embora os lençóis também tenham sido incríveis! Daqui já é possível sentir o cheiro de jeriquaquara. A paisagem mudou demais de Chaval para Camocim, impressionante como as coisas mudam depressa mesmo no lombo da magrela, num dia de sol, com vento contra, buraco no pé, sem dinheiro, lenço e documento.
Passamos a noite em Camocim e no dia seguinte pegamos uma balsa e depois uma toyota para Jeriquaquara, onde ficamos alguns dias curtindo a viagem louca que tínhamos acabado de fazer.
(Jeriquaquara - Pedra Furada)
De Jeriquaquara tomamos um ônibus para Fortaleza, onde também ficamos mais alguns dias para conhecer a cidade.
De Fortaleza Felipe seguiu viagem, adoraria relatar se soubesse o que aconteceu...
Todavia, para a mim, a viagem acabou ali.