31/08/2011

O dia em que a gente se conheceu

G - D/F# - Em - B7 - C - D - G - D - D/F# - G

Já faz tanto tempo, meu chapa, o dia em que a gente se conheceu.
Toquei o interfone que eu mal alcançava, sem saber o que falar.
Acontece que o único amigo que eu tinha sempre estava em seu lar.
Uma voz no interfone, que eu não conhecia, finalmente me correspondeu.

G - Am - Bm - C - D/F# - G (Refrão)

Na ponta dos pés e da vergonha perguntei se meu amigo estava lá.
Eu já sabia a resposta, mas queria um convite ou convidá-lo pra brincar. 

G - D/F# - Em - B7 - C - D - G - D - D/F# - G

Meu amigo atendeu e pedi para ir mais tarde minha casa visitar.
Disse: "espera um pouco". E passou um minuto ou dez anos até que me respondeu:
"Conversei com o Henry, ele falou pra você subir". E então o portão se abriu.
A partir desse dia, começou nossa amizade que nunca há de findar.

(Refrão)

24/08/2011

Dia 8: Barreirinhas (Descanso)

Depois de pedalar tanto nas dunas, tínhamos algumas obrigações pendentes com relação às nossas magrelas, e aproveitamos o dia para fazer algumas coisas necessárias, como:
1) Lavamos as bicicletas
2) Levei minha bicicleta numa borracharia para o camarada me dar uma força, minha corrente já tinha quebrado tanto na viagem que a corrente ficou muito curta, e não tava trocando as marchas direito. Por 2 reais o camarada arrumou um pedaço de corrente e emendou na minha corrente, fazendo minha troca de marchas voltar ao normal.
3) Lavei minhas roupas às margens do Rio Preguiça (que amanhã desceremos de barco para dar sequência à viagem).
4) Comprar diversas coisas no mercado, compramos pincel, por exemplo, para limpar as correntes da bicicleta, comprei castanhas do pará, pilhas etc...

Enfim, foi um dia de descanso e de dar uma geral nas bikes, primeiramente, e também em nós mesmos, que não tomávamos um banho de verdade há uns bons dias.
Desde que saímos de São Luís, ou o Dia 1 da viagem, não tínhamos visto ainda um chuveiro, apenas o banho de cumbuca da casa do Adiel, nos dois dias que ficamos por lá, enfim, passamos uma semana pedalando pelas dunas, igual bichos do mato, tentando fazer fogueira, alimentando junto aos pescadores, sem banho, dormindo em redes, mas, sobretudo, crescendo e nos aproximando, ainda que de maneira fugaz, de nossa própria essência.

A foto abaixo foi tirada em barreirinhas (a bola vermelha na imagem), e ficamos parados um tempinho olhando para a foto discutindo o que havíamos feito já, e o que faríamos a seguir...



Nessa foto da pra recapitular rapidamente nossa aventura pelos lençóis.

A parte em preto foi percorrida de caminhonete.
Em amarelo foi o que pedalamos.
Em azul foi barco. 
O primeiro ponto de nossa aventura nos lençóis foi primeira cruz, local que chegamos de no dia 3 de nossa viagem, já que no primeiro dia pedalamos de São Luis para São José do Ribamar e no segundo dia tomamos um Barco que levou 12 horas entre São José do Ribamar e Primeira Cruz.
No desenho também escrevi um número que corresponde a onde dormimos em cada um dos dias.
Foram duas noites na praia, duas noites na casa do Adiel, e duas noites em Barreirinhas.
O plano agora é descer o Rio preguiça de barco (em azul no desenho) e pedalar entre Caburé e Paulino Neves, ou, em outras palavras, contornar os Pequenos Lençóis.
Felipão me disse: "Ah bicho doido, os Grandes Lençóis nós não terminamos, mas os Pequenos Lençóis nós vamos contornar!!!" 

Nossa ideia original, quando planejamos a viagem, era tomar um ônibus em São Luís para Barreirinhas, e a partir daí começar nosso pedal.
Durante nossos primeiros dias, em São Luís, mudamos de ideia e resolvemos tentar contornar os Grandes Lençóis totalmente, até Atins. 
Todavia, como se viu ao longo dessa história, conhecemos Adiel, mudamos de caminho, e agora estamos em Barreirinhas. Se soubéssemos de antemão o tempo que seria necessário para atravessar os Grandes Lençóis não teria sido problema, pois estaríamos mais munidos de mantimentos.

Aprendemos todavia, que planejar é a arte de se surpreender a todo instante, e que, em uma viagem de bicicleta, nem sempre escolhemos o caminho que iremos percorrer, mas, muitas vezes, somos escolhidos pelo caminho...


20/08/2011

The essentials quest

Open wide your eyes.
Are you looking at the big picture?
Think twice.
Take off the clothes that won't let you breathe.
Now you are naked
And can see through
The prejudices which lie inside.
You are walking with eyes closed
And yet see more than ever,
You look inside,
Stare at your very nature
Wishing you could be,
When your eyes are wide open,
What you really are,
With eyes quite shut.

11/08/2011

Dia 7: Rancharia - Barreirinhas






Pedalamos nas dunas novamente, eu praticamente empurrei. Havíamos acabado de bater um prato daqueles e o sol estava de rachar. Desta vez com grau bem maior de dificuldade, areia mais fofa e dunas mais inclinadas, principalmente a primeira, que pode ser vista no post anterior atrás do campinho de futebol, a foto abaixo foi tirada em cima da primeira duna que subimos e aponta na direção que seguimos.
Adiel havia nos informado que o vilarejo por onde a Caminhonete passava era bem próximo, todavia, com a dificuldade do caminho levamos uma hora para percorrer apenas 3 km de ladeiras com areia fofa.



Chegando em Lavado embarcamos na caminhonete que foi se enchendo pouco a pouco ao longo dos vilarejos pelos quais passava. Foram aproximadamente 5 horas de viagem até Barreirinhas. No princípio era apenas eu, Felipão e um porco vivo dentro de um saco, que reclamava deveras da viagem (creio que estava com enjoo). Mas, com o passar da viagem, lotamos a traseira da caminhonete, de forma que nossos joelhos e a bunda daqueles que assentavam a nossa frente formavam um só corpo. Poderia até ir adiante, e dizer que todos os passegeiros da Toyota se interligavam como um lençol.
Uma só massa,
Várias vidas,
Infinitos destinos.


08/08/2011

Palhacinha



O Palhaço é tristeza à alegria reunida,
                                             Mas quando assim você se veste, a dor se põe de partida...


03/08/2011

Dia 6: Rancharia (Descanso)

                                  
(Casa do amigo Adiel)


Casa, comida e roupa lavada. Hoje a esposa do Adiel até lavou nossas roupas! 
Claro que ela não abriu nossos alforjes e lavou tudo que tínhamos, mas, sem percebermos, pegou aquelas roupas que havíamos usado no dia anterior e deixado fora da mochila e lavou, para nossa surpresa.
Rancharia é um vilarejo formado por 7 famílias e 7 casinhas parecidas com a de Adiel.
A bondade no coração daquele que nos acolheu é ímpar. 
"Somos todos irmãos, temos que nos ajudar", ele nos disse.




Não precisávamos pedir nada, bastava pensar e nosso desejo era automaticamente atendido. 
E um olhar por poucos segundos para o cajueiro era suficiente para fazer o menino subir a árvore e colher a fruta desejada nos mais profundos pensamentos.
Comemos bem, caminhamos um pouco e batemos uma bola...

           
(campinho honesto)

Hoje foi um dia de descanso. Fora a pelada, que nunca é brincadeira, sem querer trombei com um cabra do meu time e joguei ele no chão, o pessoal morreu de rir, apresentei a eles a raça uruguaia,  conceito que os radinhos de pilha ainda não lhes haviam transmitido. De manhã teve o culto de domingo. O conteúdo da missa foi idêntico ao da minha igreja, mesmos salmos e músicas. A diferença era a igreja, casinha de palha e pés descalços sobre a areia, e o povo, que preserva alguns traços indígenas. Outra diferença era a informalidade da missa, conduzida de uma maneira muito menos rígida, embora se perceba claramente o alto grau de religiosidade deste povo. Aquela imagem me fez pensar no processo de catequização dos nativos e a imposição dos valores europeus em terras tão longínquas. 
Aqui a história é viva!

 

Hóspedes