25/02/2010

Viva a globalização !

Chego soberano ao bar do velho quase-caindo-aos-pedaços e estou pronto para oferecer ao jeca caquético o que há de mais moderno no campo da ergonomia segundo as pesquisas de especialistas do mais alto calibre. O 70 anos curvou 90 graus entre barriga e pernas para passar por baixo da bancada daquele bar, que, como a maioria, possui uma tábua de granito (ou similar) que liga as duas paredes laterais não sobrando opção ao funcionário a não ser curvar-se cada vez que precisa buscar uma cerveja do outro lado do balcão. Imaginei que o velho simplesmente herdara por mimetismo o estilo seja-ginasta-e-passe-por-baixo-da-bancada e não se dera conta que é incômodo para suas preciosas vértebras continuar o que vem fazendo há décadas. Assim, com todo respeito que encontrei, pronunciei aquilo que parecia uma observação idiota, mas, no mínimo, me daria a satisfação de ajudar o sujeito senil:
"Por que você não corta um pedaço do mármore para não precisar se abaixar dessa maneira tão desconfortável ?"
Ao sugerir o óbvio tinha a sensação de que os esforços dos centros de pesquisa de ponta acabavam por chegar aos quatro cantos do mundo (ainda que com alguma defasagem) graças ao que chamamos globalização.
Naquele dia nós nos ensinamos mutuamente. Eu com minha dica sobre cuidados com o dorso. Ele com uma resposta que francamente não entendi bem, não só pela carência de dentes na boca do dito cujo, mas também pelo sentido da frase:
"Você gosta é de moleza, né ??? "

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