(Na toyota entre Primeira Cruz e Travosa)
Continuando o post anterior, esperávamos no coreto as toyotas chegarem, cada uma com seu destino. Nossa ideia inicial era ir para Santo Amaro, mas nos informaram ser mais interessante ir para Travosa, de onde pedalaríamos a beira mar, contornando o parque do lençóis maranhenses, até atins (ou não).
A viagem até Travosa durou cerca de 2 horas, atrasou um pouco em função de termos batido de frente com outra caminhonete no caminho (não se preocupe, yellow submarine e silver hammer não sofreram nenhuma contusão).
Chegamos meio dia em travosa, um vilarejo bem pequeno e de areia muito fofa. Empurramos as bicicletas a procura de um mercado e um lugar para almoçar. Tinha exatamente um mercado e um local para almoçar, no primeiro compramos alguns alimentos já que iríamos acampar entre Travosa e Atins, no segundo conseguimos um almoço honesto e nos fartamos pois o dia seria duro. No caminho para o "restaurante" aconteceu um fato muito curioso (leia-se uma casinha na qual a simpática moça estava disposta a negociar uma refeição por uma quantia modesta, ofereci 10 pra nós dois e ela respondeu: "pode ser 12 por causa da coca?", claro que aceitei, me dando conta de minha recém-adquirida pão durisse). Enquanto empurrávamos as bicicletas veio um menino curioso a olhar e começou a nos seguir. Conheci pela primeira vez um fenômeno chamado "progressão geométrica de crianças". O menino curioso virou dois, assim como os dois rapidamente se desdobraram em 4. Só sei que meninos caíam das árvores como frutas maduras e brotavam da areia tal qual carangueijos, e, num piscar de olhos, se acumularam duas dúzias de meninos, que nos seguiram até o restaurante.
Após o almoço, e sem tempo para fazer o "quilo", rumamos em direção à praia! Um dos meninos que nos acompanhara nos levou parte do caminho entre o vilarejo e o mar, quando chegamos na primeira duna ele disse: "agora é só ir atravessando as dunas até chegar no mar". Foi uma árdua caminhada empurrando as bicicletas através de intermináveis dunas de areia muito mole que não permitiam pedalar. Creio que atravessamos entre 10 e 15 dunas, e chegamos a beira mar por volta das 3 horas. Estávamos bem cansados então pedalamos só um pouco pra curtir um pouquinho a paisagem maravilhosa!!! Pedalamos apenas 4 km e decidimos parar em uma das várias cabanas de pescadores que existiam na praia, todas inóspitas:
(Hotel a beira mar, 5 estrelas)
Em função da falta de suprimentos que encontramos no mercado, iniciamos nossa jornada com água e comida limitadas, mas com a certeza de que água não seria o problema. Acontece que entre o mar e as dunas formam-se pequenos lagos de água da chuva, que fervemos assim que chegamos no nosso hotel para beber no dia seguinte. Quanto a comida tínhamos, além de 2 pacotes de macarrão e 1 extrato de tomate, 1 pacote de maltodextrina (carboidrato para reposição energética), além da minha promessa que iria caçar algum animal tipo um carangueijo baseado nos conhecimentos que adquiri assistindo "A prova de tudo", no Discovery Channel. Claro que os bichinhos me fugiram.
Bem, após fervermos água para o dia seguinte, cozinhamos macarrão e jogamos extrato de tomate por cima, sinceramente duvido que qualquer restaurante italiano possa me servir uma melhor macarronada que a que comemos. É claro que todo o esforço do dia, e a paisagem exuberante, temperavam nosso prato.
Na foto da pra ver as duas bicicletas. Em primeiro plano está a minha. Vou detalhar o que estou carregando:
O único alforge que usei na viagem foi o Alforge Impermeável de 32 litros da empresa nacional Arara Una. O produto, e também a empresa, merecem todos meus elogios. Com apenas este produto, que sai a um preço modesto, fui capaz de transportar tudo que precisei durante a viagem. E quando peguei uma chuva torrencial na cabeça, a promessa da Impermeabilidade se cumpriu, tendo em vista que tinha aparelhos eletrônicos como mp3 e gps que saíram ilesos, de fato não entrou uma gota no alforge.
Além dos dois alforges (cada uma de 16 litros), pendurados um de cada lado da bicicleta, estava carregando uma barraca, que se encontra entre os dois, minha mala bike que está embaixo da barraca e não pode ser vista na foto, e um Ukulele em cima da barraca (pequeno instrumento havaiano a la cavaquinho). Como havíamos parados estão pendurados meu capacete e meu par de tênis na foto, mas durante o pedal isso é tudo que vinha sendo carregado no lombo da magrela.
Ao escurecer deitamos nas redes e tocamos algumas canções dos Beatles, eu no ukulele e o felipão na flauta doce, que, nos lençóis maranheses, e à luz do luar, garanto soa mais doce. Se fosse possível, teríamos dormido escutando a nossa própria música, mas não posso reclamar, pois o silêncio dos lençóis soam como uma orquestra.