24/01/2010

Tarja Preta

Após seu habitual pileque, e o elemento surpresa tarja preta, Vilfredo encamimou-se a uma certa festa. Os primeiros 5 minutos foram bem, embora seus olhos vissem as imagens passar como aquela opção do windows que deixa o rastro do mouse ("display pointer trails"). Conseguiu reconhecer as 10 primeiras pessoas (pensava, todavia, não serem todos gêmeos) e, na maioria dos casos, trocou meias palavras sem grandes sobressaltos. Foi a troca de olhares com um sujeito que pensava não conhecer que mudara a sorte de sua noite. Apesar de frente a frente com a figura, não a podia ver com clareza, mas sabia, definitivamente, que o encarava sem pestanejar. Perguntou insisitentemente, tom crescente, qual o problema. Mas não obtia resposta, apenas chamava a atenção da recém-plateia. O final da estória não poderia ser outro, o dito cujo caiu no braço com a surpresa e o constrangimento. No dia seguinte acordou com curativos em seus braços cortados, mas não podia lembrar o motivo. Para piorar teve que ouvir a estória de seu companheiro de quarto nordestino, repentista, que lhe acompanhara à festa mas não teve tempo de evitar o infortúnio. Ao mesmo tempo que levava Vilfredo ao hospital, na noite anterior, preparava sua rima irônica para o dia seguinte. Não fosse o estado dos braços de Vilfredo teria certaente achatado um pouco mais a cabeça de seu amigo quando lhe contou o acontecimento:
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O nosso herói não resistiu,
À cabeça sua raiva subiu,
E espancou, forte e viril,
O espelho do canto

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